Bonecas de Ataúro

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ataúro, Parte I, Manuel Pacheco

«Passemos então a outras histórias... viagens, fotos e a descrição de como funciona um projecto de micro-crédito no gabinete onde trabalho.» Manuel Pacheco

O primeiro texto de uma série sobre Ataúro, nas palavras do Manuel Pacheco, um Leigo para o Desenvolvimento em Timor de 2006 a 2008.


Ataúro


Vista de Dili para a ilha de Atauro de manhã cedinho ainda com a bruma sobre o mar …

Ataúro, para quem não sabe, é uma pequena ilha a norte de Díli. É muito mais pequena que Timor, cerca de vinte e poucos quilómetros de norte a sul e uma largura menor. Conta com perto de 9000 mil almas sendo que, ao contrário de Timor, as almas Católicas não se encontram em maioria mas sim os cristãos protestantes, situação idêntica às restantes ilhas da zona da Indonésia. E é diferente em outros aspectos de Timor … como no aspecto geológico … Timor tem esta característica especial para a zona de não ser de origem vulcânica. Ataúro é, de forma notória até para alguém que pesque muito pouco de geologia. Basta ver as rochas pretas existentes em grande quantidade e os pedregulhos com rochas de diferentes tipos encrostadas. Isso dá logo um aspecto diferente ao local e, as montanhas da ilha têm mesmo a forma de antigos vulcões … apesar de talvez não o serem … se bem que, segundo os mitos locais, no topo do Manucoco, o monte mais elevado com quase 1000 metros, se conseguem ouvir os barulhos das ondas em alguns locais ou seja, por outras palavras, que o monte está furado ... e isso levaria a crer que será um velho vulcão.

Geologismos à parte esta ilha é um prazer conhecer. Para quem está farto da “cosmopolita” urbe de Díli, com a sua “confusão”, trânsito louco e … monotonia, este é o escape ideal para uns dias de descanso … mesmo em trabalho. De facto há já aqui dois mini resorts de Eco-Turismo (quando digo mini é mesmo mini … 5 ou 6 cabanas em cada). As praias com os seus recifes, o barulho das ondas, a montanha sempre por perto, a simpatia das pessoas, as noites com um clima ameno e calma, enfim, tudo isto dá à transmite efeito bastante xanax … no melhor dos sentidos. E rapidamente faz perder a conta ao tempo por cá.

Apesar das graças naturais esta é uma ilha que sofre de muitos problemas. É uma região periférica de um país já de si periférico e pobre. Como ilha que é um dos seus problemas principais é a deficiência das comunicações. Transporte certo para a ilha existe um só ao sábado com regresso no próprio dia. No resto da semana existem alguns barcos que fazem a ligação, de comerciantes e de pescadores, mas sem horários e muito pequenos. Sendo assim o acesso a tudo e mais alguma coisa transforma-se num factor de grande limitação para a ilha. Também a inexistência de vias de comunicação entre as muitas aldeias da ilha causam problemas entre as pessoas do foho (montanha) e do tasse ibun (beira do mar): para ir de Vila (sede administrativa da ilha) a Macadade (Sucu de montanha de Ataúro) estamos a falar de cinco horas a pé a subir uma montanha. E sim, só se pode ir a pé... ou de helicóptero.

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posted by Stuck @ Zero at 00:59

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